Plano de estratégia de intervenções transformadoras da cidade. As unidades de intervenção assentam numa lógica de restruturação de espaços singulares da cidade de forma a accionar mecanismos de mobilidade ou de requalificação de espaços públicos. São apresentados diferentes tipos de operações de forma transversal as necessidades da Cidade do Funchal

PROPOSTA DE ACÇÃO

  • Mapa dos corredores ecológicos

  • Avenida do Mar

    Mapa da Unidade de intervenção I

  • Ribeira de João Gomes

    Mapa da Unidade de Intervenção II

  • Ribeira de Santa Luzia

    Mapa da Unidade de Intervenção III

  • Ribeira de João Gomes

    Mapa da Unidade de Intervenção IV

  • Mapa geral das Unidades de intervenção

A frente da cidade tem vindo a sofrer alterações ao longo de muitos anos. Como porta para o mundo, frente de mar, deve ser estruturada como tal. Estudo e Análise urbana sobre a avenida do mar, de forma a apontar operações estratégicas transformadoras da cidade.

AVENIDA DO MAR

  • Esquema de evolução histórica

    1567 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    Arq. Mateus Fernantes

  • Esquema de evolução histórica

    1775 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    Capitão Skinner

  • Esquema de evolução histórica

    1805 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    Representação de obras após Aluvião de 1803

  • Esquema de evolução histórica

    1910 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    Eng. Adriano A. Trigo –
    Eng. Annibal A. Trigo

  • Esquema de evolução histórica

    1948 – 1950 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    CMF

  • Esquema de evolução histórica

    1967 – 1969 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    CMF

  • Esquema de evolução histórica

    1993 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    CMF

  • Esquema de evolução histórica

    2015 – PLANTA DA CIDADE DO FUNCHAL
    CMF

Planta de Análise da Avenida do Mar

Esquema Viário

As ribeiras entendidas como canais ecológicos assumem um papel estruturante na matriz da cidade. Estudo e Análise urbana aprofundada da ribeira de São João e identificação das operações propostas.

RIBEIRA DE SÃO JOÃO

RIBEIRA DE SÃO JOÃO

A Ribeira de São João consiste numa bacia hidrográfica alongada e estreita e é das três a que se encontra mais integrada no tecido urbano. A linha de água encontra-se canalizada a céu aberto numa extensão muito superior às restantes. Sendo um vale mais estreito e menos encaixado, de declives suaves, o seu corredor ecológico é essencialmente mais pequeno que os anteriores. O parque transitório situa-se no terço superior/intermédio do rio, iniciando-se a jusante após o Estádio do Marítimo, a Nascente e Poente pela transição entre o final do lombo e início da zona de vertente. O vale é caracterizado pelos seus declives acentuados, pelo extenso povoamento de florestas de Eucalipto e pelos seus solos delgados e pedregosos com risco de erosão e de escoamento superficial.

Apesar das suas características, a ribeira de São João não foi alvo de incêndios no ano passado. Encontra-se no entanto numa situação de instabilidade devido à vasta área de monocultura de espécies altamente inflamáveis. Tendo em conta as suas características, propõe-se uma regeneração da vegetação com incorporação de vegetação potencial (Laurisilva) com abates sucessivos de vegetação infestante, permitindo deste modo a construção de um mosaico na paisagem com alternância de uso do solo, possibilitando um aumento da coesão do solo e diminuindo o risco de erosão.

Tendo em conta o perfil da ribeira e das suas encostas, a área contígua à linha de água possui elevado risco de inundação, datando a última de 2010. Tal facto deve-se à existência combinada de um grande volume de escoamento superficial com altos valores de impermeabilização na zona contígua à ribeira.

De forma a diminuir o risco de inundações, pretende-se, no troço adjacente à ribeira, reabilitar a galeria ripícola e incorporar vegetação característica deste habitat, promovendo a retenção e infiltração das águas e a deposição de materiais aluvionares enriquecedores da fertilidade dos solos.

O parque urbano corresponde a um espaço completamente inserido na malha urbana, onde se procura integrar as ribeiras e as encostas com o tecido urbano em que se inserem. Este inicia-se a montante junto ao Estádio do Marítimo, terminando a jusante no encontro com a V1 e a Nascente e Poente entre o final do lombo/início da zona de vertente.

O parque urbano tem uma ocupação do solo bastante heterogénea, onde a pedologia conforma um valor ecológico elevado, com solos de alto teor de matéria orgânica e expressando uma boa aptidão agrícola. A intenção, nas zonas com estas características, passa pela incorporação de vegetação e instalação de caminhos que promovam a continuidade do tecido urbano para o vale. Nas zonas onde o solo é apto para agricultura e onde o seu uso já se verifica, propõe-se a sua continuidade.

Por último a Alameda, inicia-se com a interseção da V1 e culmina quando a ribeira encontra a Avenida do Mar, propondo-se o mesmo modelo de parque linear adotado para as outras ribeiras.

Caracterização das Ribeiras
João Gomes da Silva, Março de 2017

As ribeiras entendidas como canais ecológicos assumem um papel estruturante na matriz da cidade. Estudo e Análise urbana aprofundada da ribeira de Santa Luzia e identificação das operações propostas.

RIBEIRA DE SANTA LUZIA

RIBEIRA DE SANTA LUZIA

A Ribeira de Santa Luzia corresponde a uma realidade diferente. Embora a ribeira surja profundamente encaixada no relevo, é na zona de talvegue, mais plana e ampla, que se instalam usos de natureza diversa, predominando os industriais. À semelhança da Ribeira João Gomes, o corredor ecológico segue o mesmo modelo de implantação porém com uma área inferior à anterior, com uma forma igualmente alongada e um comprimento de 4 km, aproximadamente.

O parque transitório situa-se no terço superior/intermédio do vale, iniciando-se a uma cota superior à da Ribeira de João Gomes, devido à ocupação mais extensiva dos vales para montante. É limitado a jusante pela VR1, a Nascente pelo caminho dos Tornos e a poente pelo Caminho da Terça, que liga a uma levada existente, o caminho de São Roque.

O parque transitório desenvolve-se de maneiras distintas, adaptando-se às características morfológicas do vale. Numa primeira fase, nas zonas onde a ocupação é heterogénea, os declives possibilitam a construção e a litologia é mais favorável ao uso agrícola, propõe-se a incorporação de vegetação exótica/ornamental ou de parcelas agrícolas na malha urbana, promovendo a continuidade entre tecido urbano e o vale. À medida que se transita para as vertentes do vale, os declives começam a aumentar, tornando impossível a sua ocupação agrícola. Transita-se assim para uma situação de regeneração natural com introdução de espécies autóctones, de modo a aumentar o poder de coesão do solo e a diminuição da sua erosão.

O reordenamento da paisagem com a introdução de vegetação potencial da ilha da Madeira, elemento essencial ao mosaico da paisagem, contribui para uma maior sustentabilidade ecológica e cultural. Com a introdução dos diferentes estratos vegetativos cria-se alternância entre espaços cheios e espaços vazios, bem como espaços com diferentes níveis de humidade, o que permitirá uma diminuição das áreas de mono-cultura com índices de grande inflamabilidade.

Ao nível das encostas propõe-se a introdução de levadas/trilhos que permitem a habitabilidade de toda a área e um maior controle da vegetação e da sua manutenção, evitando riscos de incêndio. Na zona contígua à ribeira propõe-se a introdução de uma galeria ripícola à semelhança do que foi proposto para a Ribeira João Gomes.

O parque urbano ocupará grande parte do corredor ecológico devido à extensa área que o tecido urbano ocupa no vale de Santa Luzia. Os declives são bastante mais suaves o que permite uma maior ocupação do vale. Em relação à pedologia, verifica-se que existe uma maior variedade de solos, com valor ecológico moderado, fraca agregação e pouco teor de matéria orgânica.

O parque inicia-se a montante, no atravessamento da VR1, a nascente e poente vai ao encontro de levadas existentes, o caminho dos saltos e o caminho de São Roque respetivamente, e a jusante até ao jardim de Santa Luzia. Na zona dos lombos/início da zona de vertente, os declives são muito suaves, o que possibilita a instalação de agricultura com incorporação de vegetação exótica, bem como caminhos que permitem o reconhecimento de toda a área.

Nas zonas de encosta onde o declive é mais acentuado, a ocupação é feita por terraceamentos, possibilitando um uso mais alargado do vale e a produção de alimentos e bens materiais. A intenção neste tipo de situações é a continuidade deste uso do solo, permitindo o povoamento do vale de forma alternada e diminuindo o coberto contínuo de uma só espécie. Encontrando-se a área contígua à ribeira em parte impermeabilizada, existem no entanto áreas aplanadas onde a ocupação é heterogénea, com a possibilidade de integração de vegetação autóctone na malha existente.

A Alameda, segue a estratégia anteriormente descrita, propondo-se a introdução de uma alameda de árvores de ambos os lados da ribeira, com diminuição de uma faixa de rodagem de ambos os lados e alargamento dos passeios. Este modelo aplicar-se-á a partir da estrada V1 que comunica com a rua dos Ferreiros Estrada, formando uma circular mais próxima da cidade histórica.

Caracterização das Ribeiras
João Gomes da Silva, Março de 2017

As ribeiras entendidas como canais ecológicos assumem um papel estruturante na matriz da cidade. Estudo e Análise urbana aprofundada da ribeira de João Gomes e identificação das operações propostas.

RIBEIRA DE JOÃO GOMES

RIBEIRA DE JOÃO GOMES

A ribeira de João Gomes consiste numa bacia hidrográfica alongada (de aproximadamente 5 km de comprimento) e constitui o corredor ecológico mais abrangente, englobando toda a área do vale e respetivas encostas (Parque Transitório). À medida que a ribeira avança em direção ao mar, este corredor começa a estreitar e a integrar-se na malha urbana (Parque urbano), culminando numa alameda que termina quando esta encontra a Avenida do Mar (Alamedas). A ribeira João Gomes foi a mais afetada pelos incêndios de 2016, com perda de grande parte do coberto arbóreo. A propagação do fogo deveu-se sobretudo à existência de uma vasta área ocupada por mono-culturas de eucalipto e pela presença de materiais voláteis, aliada à sua forma encaixada, com declives superiores a 25%.

O parque transitório deverá constituir-se no terço médio/superior dos vales, procurando articular-se com o Parque Natural da Madeira. Inicia-se no ‘gancho’ da rua da Ribeira de João Gomes, e é limitado a Poente pela Levada/Caminho do Lombo e a nascente pelo final do lombo/início da zona de vertente, indo ao encontro do Caminho dos Pretos a montante.

Sob vários aspectos, o parque transitório diferencia-se entre vales e lombos, existindo formas e ocupações de transição entre ambos. Sendo os lombos caracterizados por menores declives e as encostas que conformam os vales por declives por vezes superiores a 25%, ocorre uma diferenciação pedológica e uma consequente valorização ecológica. No caso dos vales, a erosão causada por regimes hídricos de natureza torrencial vai lavando os solos de pouca espessura, pondo a descoberto afloramentos rochosos e diminuindo o valor ecológico. Inversamente, nos lombos, os menores declives e menor acção erosiva, permitem a formação de solos de maior espessura, com boa permeabilidade e alto teor de matéria orgânica, factores que conformem um alto valor ecológico a estas formas da paisagem.

A ocupação destas formas é também diferenciada. Nos lombos e zonas iniciais de vertente, a ocupação do solo é de natureza heterogénea e conforma uma transição para as formas de ocupação do solo dos vales. Nestas zonas de transição, e quando exista uma concordância de factores morfológicos e urbanos, será possível a criação de miradouros contíguos às levadas existentes, permitindo a criação de relações visuais entre lombos e vistas dominantes sobre os vales. Para lá deste limite, e de forma a reduzir o risco de erosão, propõe-se a regeneração da vegetação com introdução de espécies autóctones ao nível herbáceo, arbustivo e arbóreo, contribuindo para a estabilização de vertentes e para o aumento do poder de coesão superficial dos solos. Nas zonas de encosta, e de modo a assegurar uma percorribilidade por toda a área, propõe-se a criação de levadas/trilhos a diferentes cotas. Na base das encostas e adjacentes à ribeira, será constituída a galeria rípicola através da plantação de espécies características deste tipo de comunidades, promovendo a retenção e infiltração das águas e a deposição de materiais aluvionares enriquecedores da fertilidade dos solos.

O parque urbano deverá constituir-se no terço médio/inferior do vale, procurando articular-se com a malha urbana. O seu corredor ecológico, bastante mais estreito, irá iniciar-se a montante, no ‘gancho’ da rua da Ribeira de João Gomes, e limitado a poente e nascente pelo final do Lombo/início da zona de vertente, e a jusante pelo encontro com o campo da Barca.

O vale que abrange o parque urbano é hoje ocupado na sua quase totalidade pelo tecido urbano, verificando-se ainda hoje alguns locais de exploração agrícola. Caracterizado por vertentes íngremes, de declive superior a 18% e inferior a 25%, e de solo com baixo valor ecológico e capacidade produtiva, é também conformado por terraços, poios, feitos à custa de pedra basáltica que permitem não só a obtenção de planos de menor declive como a criação de solos mais profundos e de maior capacidade. A edificação de muros ocorre também ao nível mais baixo, correndo hoje a ribeira entre muros em toda a sua extensão. Esta acção de controlo do perfil da ribeira levou ao estreitamento das zonas vestibulares e contribuiu para uma aceleração e concentração dos caudais a jusante. Somando a este fator o aumento da impermeabilização do solo causado pela extensão de área urbana, verifica-se hoje um elevado risco de inundação que terá de ser mitigado.

Tendo em consideração as características no qual o parque urbano se insere, na zona de início de vertente/final do Lombo dever-se-á incorporar vegetação potencial da ilha da Madeira e criação de zonas de miradouro de modo a promover uma continuidade entre o tecido urbano e o vale. Nas encostas onde os declives são superiores a 25% e onde a perda de solo é bastante elevada devido à erosão, a incorporação de vegetação autóctone para a estabilização de vertentes e coesão dos solos, e a instalação de trilhos/levadas, são fundamentais de modo a garantir uma maior acessibilidade a toda a área. Paralelamente, e associado à instalação de trilhos, deverão ser criadas as condições para a reocupação agrícola dos poios, garantindo-se uma maior habitabilidade do vale.

Por último, a Alameda insere-se completamente na malha da cidade, localizando-se ao longo da rua Ribeira de João Gomes.

Neste ultimo troço de ribeira pretende-se a integração de uma alameda de árvores contíguas à ribeira, com anulação de uma faixa de rodagem de cada lado e aumento da zona pedonal de ambos os lados da rua, proporcionando uma maior relação dos habitantes com a ribeira, e o regresso de um sentido de habitabilidade que historicamente caracteriza estas ribeiras.

Caracterização das Ribeiras
João Gomes da Silva, Março de 2017

PROPOSTA DE SALVAGUARDA

Mapeamento do património da cidade do Funchal.
Estratégia urbana de planeamento e salvaguarda do património da cidade.

PROPOSTA DE ACÇÃO

Mapeamento de zonas de acção na cidade do Funchal.
Estratégia urbana de planeamento para os corredores ecológicos da cidade.

PROJECTOS PILOTO

Estudos e propostas de projectos transformadores da Cidade do Funchal.